segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Milicias de São Gonçalo e Niterói tem como alvo o Deputado Marcelo Freixo

Milicianos de SG e Niterói planejavam matar deputado

De acordo com relatório da Subsecretaria Estadual de Inteligência, milicianos de São Gonçalo e Niterói planejavam matar o deputado estadual Marcelo Freixo. O crime teria sido planejado num escritório de agiotagem, no centro de Niterói, e foi denunciado um dia antes do deputado viajar com a família para o exterior, no final de outubro.

De acordo com o relatório da Subsecretaria de Inteligência obtido por O SÃO GONÇALO, os responsáveis pela ameaça seriam dois milicianos - um deles policial civil - que estariam aterrorizando moradores dos bairros Caramujo e Santa Bárbara, em Niterói, e no Gradim, em São Gonçalo.

A denúncia anônima sobre a sétima ameaça de morte, em outubro, informou que os dois bandidos estariam obrigando os moradores dos bairros de São Gonçalo e Niterói a guardar armas (entre elas revólveres, pistolas automáticas e semi-automáticas) da milícia.

Eles também estariam planejando a morte do parlamentar há dois meses. Os ‘pistoleiros’, que seriam contratados para a execução, depois de efetuar o ‘serviço’ iriam se esconder na casa de um morador no Colubandê, em São Gonçalo.

Os dois milicianos teriam o costume de ficar no escritório, no centro de Niterói, em horário comercial. Eles teriam ligação com a milícia que atua no centro do Rio.

Retorno - Marcelo Freixo voltou ao Brasil no último dia 16 de novembro e logo retornou às atividades na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), onde deu prosseguimento a CPI que investiga o tráfico de armas, munições e explosivos no estado. De acordo com o deputado, a decisão de deixar o país foi exatamente impulsionada pelas sete ameaças de morte recebidas em outubro.

“As últimas ameaças foram atípicas, pois tinham muitos detalhes, com nomes de policiais e de seus batalhões, que poderiam ser contratados para me matar. Percebi que o melhor era passar esse tempo afastado, até porque minha família também merecia. Viajei com a passagem de volta marcada, pois tenho muito trabalho no Rio, como a conclusão da CPI do Tráfico de Armas, em dezembro”, disse Freixo, que teve uma reunião com o secretário estadual de Segurança do Rio, José Mariano Beltrame.

“Pedi para que as informações sobre as ameaças de morte sejam analisadas, para que o combate às milícias continue. São muitos detalhes que podem contribuir para combater esse crime”, afirmou.

Em 2008 - A CPI das Milícias, concluída em 2008, teve 20 denúncias sobre grupos de milicianos em São Gonçalo e Niterói, sendo quatro áreas dominadas pelos criminosos. No território gonçalense, os milicianos estariam presente nos bairros Jardim Catarina e Rio do Ouro, com exploração irregular de serviços como cobrança de segurança de moradores, de comerciantes e de motoristas de vans. Em Niterói, os crimes seriam os mesmos, sendo cometidos no Centro e na Ponta da Areia.

De acordo com Freixo, as denúncias foram feitas em 2008 e ficou a cargo da Polícia Civil investigar. “A CPI foi fechada em 2008 e não posso afirmar como está a situação atualmente. As denúncias foram feitas e devem ser investigadas”, disse o parlamentar, que sofreu mais duas ameaças de morte em novembro.

Relatório mostra ação das milícias na região

- Niterói: No período de 30/06/2008 a 31/10/2008 o Disque Milícia recebeu cinco denúncias relacionadas ao município, no Centro e na Ponta da Areia:

*Grupo formado por policiais militares, com exploração irregular de serviços como cobrança de segurança de comércio de R$ 30 a R$ 50 e sinal de TV a cabo.

- São Gonçalo: No período de 30/06/2008 a 31/10/2008 o Disque Milícia recebeu 15 denúncias relacionadas ao município:

*Jardim Catarina: Grupo formado por policiais civis e militares (14 no total), com exploração irregular de serviços de cobrança de segurança de moradores ( R$ 30); comércio (R$ 100); transporte alternativo (R$ 50 a R$ 115); sinal de a TV a cabo: instalação (R$ 60) e mensalidade (R$ 30).

Quem desobedecer as regras, sofre ameaças.

* Rio do Ouro: Exploração irregular de serviços de segurança de moradores, táxi (R$ 30), sinal de TV a cabo (R$ R$ 60 a instalação) e (R$ 30 a mensalidade).

‘O medo da morte é presente na minha vida’

Desde 2008 sofrendo ameaças de morte, o deputado estadual Marcelo Freixo deve concluir a sua segunda CPI contra o crime esse mês. Dessa vez, o parlamentar vem investigando o tráfico de armas, munições e explosivos no estado. Freixo é bem direto ao ser perguntado se tem medo de morrer por causa do seu trabalho, assim como aconteceu com a juíza Patrícia Acioli, assassinada em agosto.

“Não vou mentir, o medo da morte é presente na minha vida. Não há super-herois, mas isso faz parte do trabalho de um parlamentar. Isso não vai atrapalhar o serviço que vem sendo feito. Amo a liberdade, amo a minha família e sinto falta de algumas coisas das quais tive que abrir mão, mas nunca me arrependi da minha escolha”, contou o deputado.

O assassinato da juíza Patrícia Acioli, que ocorreu no dia 11 de agosto, em Niterói, é um dos temas que vem sendo analisado pela CPI. “A morte da juíza Patrícia Acioli foi um divisor de águas no crime organizado. Nunca havia sido registrado um ataque desse contra um membro tão importante da Justiça. A questão da utilização de armas e munição do 7º BPM é um assunto que será tratado, assim como o controle do paiol de armas e munições oficial”, concluiu.

Fonte: O São Gonçalo

Nenhum comentário: