domingo, 27 de março de 2011

Polícia prende “Xande”, suspeito de integrar milícia na Zona Oeste
















Polícia prende “Xande”, suspeito de integrar milícia na Zona Oeste

Rio, 26  março 2011 - Policiais civis da 35ª DP (Campo Grande) prenderam Alexandre Nunes de Oliveira, o “Xande”, 30 anos, suspeito de integrar uma milícia na Zona Oeste.

Segundo a corporação, ele foi encontrado em um carro, na porta de uma faculdade, na Estrada do Cabuçu, em Campo Grande, quando buscava a namorada.

Ainda de acordo com a polícia, o bandido foi localizado após denúncia. Dentro do veículo foram apreendidos uma pistola 45, três carregadores, uma carteira falsa de Policial Militar e cheques em branco. A polícia acredita que ele atuava na comunidade Arnaldo Eugênio, em Lins de Vasconcelos


Fonte O Globo.

segunda-feira, 21 de março de 2011

Milícias e malícias da história

 



Milícias e malícias da história




Milícias, exércitos particulares, guardas elitizados e clandestinos custeados pelo desconforto e pela insegurança geral sempre foi um mau presságio pois foi exatamente assim que sedimentou na Alemanha após a primeira Grande Guerra Mundial  a ideologia nacional-socialista, o que vulgarmente chamamos de nazismo.

Também naquele tempo, representantes do povo se envolviam diretamente na formação e no desenvolvimento das milícias que muitas das vezes agradavam a opinião popular e galgavam respeito e o temor dos cidadãos.

Se percorrermos o grande túnel do tempo, ainda podemos detectar na Santa Inquisição slogans justificadores da prática das milícias: “Matamos por um bem maior”.

Mas uma coisa temos que entender: que o direito a associação e à livre reunião exercido por qualquer cidadão, não  pode por si só caracterizar a formação de milícia, que em geral seguem estatutos bem similares aos militares, com hierarquias, e valores éticos paritários.

Embora, sejam de legalidade discutível e, por vezes, mal intencionadas, transformando a segurança pública de um local ou comunidade nenhum rendoso negócio.

A complexidade do problema social, político e jurídico da questão só faz evidenciar que o povo é refém do medo e do poderio do Estado paralelo.

O curioso que a milícia traça um particular código de condutas alheio à legalidade, a moralidade e, mesmo a supremacia do interesse público. Montam tribunais de julgamento sumário e, outros requintes. Não raramente usam de tortura e extorsão entre seus métodos mais cotidianos.

A questão da imunidade parlamentar e prerrogativa de julgamento perante o TJ deverá tornar ainda mais relevante as questões jurídicas envolvidas.

Outro busilis é a admoestação de jornalistas por parte de milícias, que utilizam torturas para evitar que esses  possam informar a real situação em que se encontram as comunidades e, sua submissão às ordens e tarifações milicianas.

Recentemente o TJ carioca decidiu sobre aceitar a denúncia contra os acusados de formação de milícia, e a principal polêmica surgiu exatamente  que entre os desembargadores que terminou com o seguinte placar: quatorze desembargadores votaram pelo recebimento da denúncia enquanto que sete optaram por converter o julgamento em diligência.

Trocando em miúdos: Para haver a legítima instauração do processo penal precisamos de certeza da materialidade delitiva (ou seja, identificarmos nitidamente que houve CRIME) e, ainda, a indicação de autoria.

Ou seja, hesitaram os desembargadores se havia PROVAS suficientes para aceitarem a denúncia, ou se precisavam de MAIORES diligências para colher provas suficientes para instaurar o processo penal.

Lembremos que um dos primaciais princípios do processo penal é a presuntiva inocência do  réu, o que acarreta que IN DUBIO pro reu... ou seja, na dúvida, se absolve o réu...

 Complementando vale o adágio popular: todo mundo é inocente até que se prove O CONTRÁRIO.

O correto mesmo  é instaurar o processo penal realmente embasado em provas sólidas e suficientes, isso até porque estamos diante do Estado de Direito... e o devido processo deve ser observado SEMPRE.

Outro fator que agrava as controvérsias é que são vários os possíveis autores, ou seja, os criminosos, o que carreia a necessidade de MAIOR número de provas.

Os chamados “homens da lei” não distam muito dos homens que transgridem a lei, e cometem crimes , formam quadrilhas e impérios criminosos... a milícia não pode ser encarada como melhor que o tráfico, mas pode legitimar sua atuação através dos agentes do Estado e autoridades competentes e,  por uma polícia bem equipada, bem remunerada, e recebendo constante treinamento e aporte técnico adequado para atuar nas situações de conflito principalmente nas comunidades carentes. Principalmente por um polícia que atua dentro dos estritos limites da lei.

Mas, precisamos preservar a integridade e idoneidade do processo penal a ser instaurado, pois quanto maior for o conteúdo probatório , maior a probabilidade de condenar os verdadeiros culpados e responsáveis pelos crimes cometidos pelas milícias.

Apontou recentemente em entrevista ao ODIA o Delegado -titular da Delegacia de Repressão às Ações Criminosas e Inquéritos Especiais (Draco-IE), Claudio Ferraz(Delegacia de Repressão às Ações Criminosas e Inquéritos Especiais)  in verbis: “que certas irregularidades nutrem ainda mais a criação das milícias tais como o transporte alternativo não regulamentado, desvio de sinal a cabo, e tantas outras práticas que esquadrinham um ciclo vicioso de ilegalidade e crueldade(...).”

De qualquer maneira, a milícia armada incide em crimes como: tortura, seqüestro e cárcere privado, roubo, formação de quadrilha, extorsão. Enfim, representa crime organizado que só pode ser combatido com Estado eficiente, munido de Judiciário, de Polícia e de Executivo capazes de amparar o cidadão e, coibir a prática criminosa e, o avanço do chamado Estado paralelo.

O Estado paralelo só tem vez quando o Poder constituído estatal que tem legitimidade para atuar é negligente, omisso ou desidioso. Do contrário, não surge nem a oportunidade e nem a razão para este existir e lucrar.

(Gisele Leite)

quinta-feira, 17 de março de 2011

Operação 'Los Gatos' apreende central de gatonet em Belford Roxo





Equipamento apreendido / Foto: Divulgação 3ª DPJM 


 
Paula Bianchi
 
Batizada de ‘Los Gatos’, uma ação do Grupo de Operações de Inteligência da Corregedoria (Goic) em conjunto com o Grupo de Serviços Disciplinares, pertencentes a 3ª DPJM, apreendeu na madrugada de hoje uma central de gatonet com aproximadamente dois mil “assinantes” em Belford Roxo. Apenas o equipamento é avaliado em R$ 25 mil.

Segundo a 3ª DPMJ, a operação é uma forma de eliminar os meio de arrecadação da milícia que cobraria cerca de R$ 35 por assinante. A central abastecia parte dos bairros Heliópolis e Nova Aurora. Um suspeito foi detido para esclarecimentos e a Polícia acredita que o gatonet pertença a um morador identificado como “Xandão”.

Fonte e foto: Jornal EXTRA

sábado, 5 de março de 2011

Milícias e posição do Exército Brasileiro: "Faz sentido denúncia premiada na polícia"

 




Faz sentido denúncia premiada na polícia


Rio de Janeiro, 04 Mar 2011 - Há quem identifique nos grupos de extermínio que operavam na Baixada Fluminense nas décadas de 60 e 70 a origem das milícias. Neles também atuavam policiais, a soldo de comerciantes. No Rio, há registros de que, no início da década de 80, moradores da favela Rio das Pedras se organizaram com o mesmo objetivo. Depois, a eles se juntaram policiais.

A favela ganhou fama de local seguro, e alguns analistas e políticos chegaram a pensar que a organização de moradores, com a ajuda de policiais, garantiria a paz nas comunidades mais pobres. Houve quem lembrasse da criação, na Colômbia, das "forças de autodefesa", nas quais moradores do interior se organizaram para enfrentar guerrilheiros das Farc e o tráfico. Naquele país, a milícia degenerou em grupos paramilitares tão perigosos quanto os guerrilheiros e traficantes. E no final paramilitares e guerrilheiros passaram a atuar no tráfico. O mesmo processo degenerativo ocorrido na Colômbia aconteceu no Rio. Com a adesão de policiais, bombeiros e agentes penitenciários - da ativa ou não -, as milícias ganharam em poder, tomaram favelas do tráfico e passaram elas a subjugar as comunidades. Há negócios, inclusive, entre o tráfico e milícias.

O que era, para alguns, uma solução promissora virou um monstro tão ou mais perigoso que o próprio tráfico, porque ele tem ramificações no aparelho de segurança pública. Reportagem publicada domingo pelo GLOBO sobre o até então território livre para milicianos em Ramos, na área do Piscinão, mostrou a diversidade de negócios ilegais explorados pelos bandidos de farda e distintivos: estacionamento clandestino, ambulantes, numa rede com articulações com o presidente da associação de moradores local, Jaime Felipe Silveira, também administrador do Piscinão, de propriedade da prefeitura. Ele foi afastado do cargo, mas é ilusão crer que a medida - necessária - resolveu o problema.

A questão das milícias voltou com força a partir da Operação Guilhotina, desfechada pela Polícia Federal contra a banda podre das polícias. O resultado, até agora, da ação cirúrgica traçou um quadro de cores fortes da degradação na Polícia Militar e na Civil. Ficou evidente que a outra face desta banda podre são as milícias. Informações colhidas na investigação mapearam articulações de milicianos até na alta cúpula do aparato de segurança pública. Chamou a atenção que um dos apanhados tenha sido o delegado Carlos Alberto Oliveira, ex-subchefe operacional da Polícia Civil e subsecretário de Operações da Secretaria Especial de Ordem Pública da prefeitura do Rio. Também ficaram claras articulações políticas de milicianos. Não há mais dúvida que, dada a contaminação das polícias pelo crime, a limpeza dos aparelhos policiais é vital para a consolidação da política de segurança centrada nas UPPs, um modelo de combate ao tráfico e de defesa das comunidades com inédito apoio unânime da população.

Pela importância do que está em jogo, faz sentido a proposta do secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, de ser aplicado o método de denúncia premiada para policiais - o denunciante de colegas receberá alguma atenuação, se também for culpado. O mesmo foi aplicado na Itália na luta contra as máfias. É do que se trata no Rio de Janeiro.

Fonte: Exército Brasileiro
Foto: O Globonline

http://www.exercito.gov.br/web/guest/o-exercito

sexta-feira, 4 de março de 2011

RJ: Milícia atravessa o samba em Bento Ribeiro



Milicianos estariam cobrando taxa para permitir que barraqueiros se instalem em Bento Ribeiro durante o carnaval







RIO, 04 março 2011 - Um grupo paramilitar atravessa o samba no carnaval de rua de Bento Ribeiro. A milícia chefiada por um sargento da PM estaria cobrando taxa de R$ 400 para permitir a instalação de barracas num trecho de 800 metros da rua Carolina Machado, próximo à estação ferroviária do bairro. Moradores da localidade afirmam que os milicianos fazem a cobrança em nome da Subprefeitura da Zona Norte. Procurado pela reportagem, o subprefeito André Luiz dos Santos informou, por meio da assessoria, que a cobrança é ilegal e orientou os moradores a denunciar o grupo à polícia.

André dos Santos também colocou-se à disposição para atender na sede da subprefeitura os prejudicados pelo esquema ilegal. Segundo sua assessoria, a subprefeitura não cobra nenhuma taxa para autorizar a instalação de barracas. A organização do carnaval de rua fica por conta das associações, que devem solicitar autorização e seguir as regras da prefeitura para realizar os eventos.

Moradores têm medo de denunciar o grupo

Moradores ouvidos pela reportagem argumentam que alguns dos PMs envolvidos na milícia atuam no 9º BPM (Rocha Miranda), unidade responsável pelo patrulhamento da região. Por isso, eles temem recorrer ao batalhão para denunciar o grupo, que tem à frente um sargento citado no relatório da CPI das Milícias. O PM chegou a responder um inquérito policial militar (IPM), que acabou arquivado por falta de provas:

- Esse sargento mora da Barra da Tijuca, anda em carro importado com seguranças armados. Quem vai ter coragem de denunciá-lo no batalhão? É triste, mas o carnaval de rua de Bento Ribeiro acabou graças a esses milicianos - lamentou o morador do bairro, que, por motivos óbvios, pediu anonimato para dar as declarações.

A equipe do GLOBO esteve no trecho rua Carolina Machado, onde estão sendo montadas as barracas da festa de Bento Ribeiro. No local, um dos organizadores negou a cobrança de taxa aos barraqueiros. Segundo Carlos Augusto Alves da Silva, que se identificou como diretor da associação de moradores do bairro, nenhum barraqueiro foi obrigado a pagar para trabalhar na festa. A associação local já foi presidida pelo vereador Fausto Alves, preso em fevereiro, pela Divisão de Homicídios (DH) sob acusação de ter sido o mandante do assassinato do cabo eleitoral Marcelo Siqueira Lopes, no ano passado.

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Por Sérgio Ramalho
Fonte O Globo