sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Turnowski recebia R$ 500 mil por mês para proteger milícias, diz testemunha


Turnowski recebia R$ 500 mil por mês para proteger milícias, diz testemunha


Rio, 17 de fev 2011 - A testemunha X., de 41 anos, afirmou em depoimento à Polícia Federal que o delegado Allan Turnowski era beneficiário de um esquema sustentado por policiais ligados a milícias, contraventores e contrabandistas, segundo a matéria publicada no jornal 'O Globo'. A testemunha atuou durante 15 anos como informante do grupo do ex-subchefe operacional da Polícia Civil Carlos Oliveira, um dos 30 policiais presos na Operação Guilhotina. De acordo com X., o ex-chefe recebia R$ 100 mil para não reprimir a venda de produtos falsos no camelódromo da Uruguaiana, no centro do Rio de Janeiro.

Investigações da PF apontam o envolvimento de policiais numa disputa pelo controle do mercado, logo após o assassinato de um dos líderes dos camelôs, Alexandre Farias Pereira, em maio de 2007. Alexandre teria sido morto por se negar a pagar propina a policiais. No fim de janeiro, os 1.508 boxes do camelódromo passaram por uma averiguação da Polícia Civil e da Receita Federal, que foi determinada pela 6ª Vara Empresarial do Tribunal de Justiça (TJ) para cumprir mandados de busca e apreensão de produtos falsificados, respondendo a solicitação do Grupo de Proteção à Marca, com sede em São Paulo.

O relato de X. conta também que Turnowski recebia R$ 500 mil por mês, que seriam pago por um sargento da PM que agia como adido - um policial militar lotado em delegacias especializadas - da Divisão Antissequestro (DAS) e seria chefe de uma milícia em Jacarepaguá, e ainda explorava caça-níqueis em Rio das Pedras. O PM, morador de um condomínio de luxo na Barra da Tijuca, tem costume de participar de reuniões com polícias, incluindo Turnowski, em uma badalada churrascaria do bairro, e circula em veículos blindados e com escoltas.

O informante não esconde o medo dos integrantes da quadrilha, que teriam fama de violentos e que estariam envolvidos numa série de assassinatos, como a execução do sargento do Exército Volber Roberto da Silva Filho, em junho do ano passado. Ainda segundo a testemunha, o militar seria o responsável pela elaboração das bombas usadas no atentado ao contraventor Rogério Andrade, em abril de 2010, na Barra. O filho do bicheiro morreu na ocasião. Volber também teria feito a bomba que explodiu na picape Hilux do PM Rony Lessa, que perdeu a perna no episódio. O crime teria sido queima de arquivo, pois Volber negociava armas com policiais da Delegacia de Combate às Drogas (Decod) e da Delegacia de Repressão a Armas e Explosivos (Drae).

As investigações dão conta de um suposto pagamento de R$ 2 milhões feitos por Andrade aos policias envolvidos na execução, como uma espécie de "recompensa" pela morte do autor da bomba que matou seu filho. Volber foi morto em um motel em Jacarepaguá, depois que reagiu ao cerco montado por policiais da Decod, entre eles o PM Ivan Jorge Evangelista de Araújo, que atuava como adido e foi preso na Operação Guilhotina, acusado de negociar a venda de armas a traficantes.

Em novembro passado, o assassinato do sargento dos bombeiros Antônio Carlos Macedo teria ocorrido por conta da vingança pela morte do filho do contraventor. Ex-chefe de segurança de Andrade, que foi executado na Avenida Sernambetiba por três PMs. O bombeiro estaria ligado a um complô montado por PMs para montar Rogério e dominar o território onde este explora caça-níqueis.

Em testemunho, X. contou ainda que participou de uma operação nos morros de São Carlos e da Mineira, em 2008, onde teria visto parte do material apreendido ser desviado por policiais de delegacias especializadas. Dos oito fuzis encontrados nas favelas, quatro foram vendidos para o chefe da segurança da Igreja Universal, que seria um PM. E dentre 42 mil projéteis apreendidos, apenas 3 mil foram apresentados. Policiais também teriam desviados drogas.

X. e sua família estão sob proteção do Ministério da Justiça. O informante teria concordado em colaborar com a PF após ter tido um irmão assassinado pela quadrilha. Ele era ligado ao sargento da reserva da PM Ricardo Afonso Fernandes, o Afonsinho, que a PF aponta como segundo homem no grupo do delegado Carlos Oliveira.

O grupo de policiais também sequestrava traficantes e parentes, pedindo pagamento em troca para liberta-los, como aconteceu com Carlos Eduardo Sales, o Capilé, considerado um dos principais fornecedores de drogas da Favela de Acari. Segundo o depoimento, o traficante foi preso por policiais e adidos, entre eles o Afonsinho, da Drae e da Decod, que teria sido liberado depois de ser refém por 12 horas e ter pago R$ 1 milhão ao grupo. Afonsinho teria exigido metade do valor, o que gerou desentendimento com o PM que atuava como adido na DECOD.

Fonte: Redação SRZD

Nenhum comentário: