sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Operação Guilhotina: Turnowski diz que fica na chefia de Polícia e que não dá para passar a mão na cabeça de ninguém


 
Operação Guilhotina: Turnowski diz que fica na chefia de Polícia e que não dá para passar a mão na cabeça de ninguém


RIO, 11 de fevereiro de 2011 - O chefe de Polícia Civil do Rio, delegado Allan Turnowski, deixou a Superintendência da Polícia Federal do Rio e disse que fica no cargo pois "não há motivos para sair". Turnowski prestou depoimento a agentes federais na condição de testemunha contra policiais civis e militares acusados de corrupção e investigados na Operação Guilhotina. Ele falou sobre a rotina da corporação. Ao falar com os jornalistas, ele comentou também o fato de policiais civis terem tido a prisão decretada pela Justiça. Ao todo, 30 pessoas já foram presas na operação .


- Policial que pega arma e vende para bandido é pior do que bandido - disse.
Em entrevista à rádio Bandnews, Turnowski falou sobre as acusações contra o delegado Carlos Oliveira, ex-subchefe da Polícia Civil que é considerado foragido pelos policiais federais.

- O fato de ele ter sido subchefe torna o fato mais grave. Porque aí é uma traição muito mais próxima de você. Como pode vender arma para bandido que já alvejou os colegas? - perguntou.

O chefe de Polícia disse, ainda, que "cada um é responsável por seus atos", ao comentar o fato de desconhecer o suposto envolvimento de Oliveira com atividades ilícitas. E comentou ainda como fica a Polícia Civil diante da investigação da Polícia Federal:

- Isso envergonha a instituição, mas ao mesmo tempo ela fica mais forte. Se tiver que rasgar a própria carne, que rasgue. O que não dá é para passar a mão na cabeça de alguém.

Mais cedo, o secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, afirmou, em entrevista coletiva, que o chefe da Polícia Civil, Allan Turnowski, goza de sua confiança e ressaltou que não vai fazer juízo de valor precipitadamente. Beltrame ressaltou que tem um compromisso com a materialidade, e que, se ele tivesse conhecimento efetivo de ações ilícitas cometidas por Turnowski, providências já teriam sido tomadas:

- O doutor Allan goza da minha confiança. Ele está sendo ouvido aqui. Como chefe da instituição ele teria que se manifestar. Não vou fazer juízo de valor precipitado. Daqui para frente, vamos analisar e tomar as medidas no momento oportuno.

O Superintendente da PF, delegado Ângelo Fernandes Gióia, disse que contra quem foram encontradas provas, foi pedida a prisão. Ele esclareceu ainda que a delegada Marcia Beck, da 22ª DP (Penha), que foi detida nesta manhã durante a operação, tinha explicações a dar. Segundo Gióia, a autoridade policial entendeu que devia levá-la à superintendência para prestar esclarecimentos:

- Ela veio por livre e espontânea vontade.

Ainda de acordo com Gióia, a atuação desses policiais envolvidos com o crime é multifacetada. Ele disse que, por enquanto, não iria tecer comentários detalhados do que existe na investigação até porque um dos investigados (o delegado Carlos Oliveira) está foragido.

Já Beltrame ressaltou que Carlos Oliveira já não estava atuando na polícia. O secretário disse ainda que, em todo o mundo, enquanto houver corrupção, não há mudança na polícia:

- Não vou abrir mão de qualquer tipo de parceria, de quem quiser me ajudar. O problema do Rio é antigo e sério e, graças a Deus, temos encontrado parceiros e acredito ter dado respostas a sociedade. Se eu fizesse sozinho prenderia 9,10,11 pessoas. Então eu digo que polícia nenhuma do mundo vira a página enquanto tiver em seus cargos esse tipo de gente.

Chefe de Polícia do RJ chama delegado foragido de traidor. Procurado, Carlos Oliveira já foi subchefe operacional da Polícia Civil.
Depois de prestar esclarecimentos na Polícia Federal do Rio, o chefe de Polícia Civil, Alan Turnowski, chamou o delegado procurado na megaoperação desta sexta-feira (11) de traidor. Foragido, Carlos Oliveira já foi considerado seu braço direito, quando foi subchefe operacional da Polícia Civil.

“Para mim, desviou, é traidor. Policial que pega uma arma e vende pra bandido é pior que bandido”, resumiu Turnowski, que lembrou que, na época em que o tirou do cargo, havia feito uma “mudança ampla na cúpula da Polícia Civil”. Ele afirmou ainda que o fato de Oliveira ter sido subchefe torna o fato mais grave. “O fato de ele ter sido subchefe torna o fato mais grave. Porque aí é uma traição muito mais próxima de você. Como pode vender arma para bandido que já alvejou os colegas?”, acrescentou.

Sobre sua permanência no cargo, o chefe de polícia disse não ter porque deixar a função: “Isso depende do secretário e do governador. Não tem motivo para eu sair. Não é o momento de sair do cargo. Mas, se sair, saio com a consciência tranquila”. Em entrevista coletiva na sede da PF nesta sexta, o secretário de Segurança Pública reiterou sua confiança em Turnowski.

Ele afirmou que foi chamado à PF para contribuir com as investigações. “Vim até aqui prestar depoimento, no sentido de esclarecer algumas questões para a Polícia Federal, que tem uma rotina diferente da Polícia Civil”, disse ele, que, falou ainda que a situação, “para a instituição, é sempre ruim”, e prometeu investigar os policiais investigados.

Como funcionava o esquema

 deflagrada no Rio na manhã desta sexta-feira (11) já prendeu 30 pessoas, sendo 22 policiais. A ação investiga o envolvimento de policiais com traficantes, milícias e a máfia dos caça-níqueis. Eles receberiam propina para passar informações de operações a criminosos e venderiam material apreendido. Entre as apreensões desviadas estaria parte do que foi encontrado no Conjunto de Favelas do Alemão, em novembro do ano passado.

Para chegar aos suspeitos, a polícia contou com a ajuda de informantes, escutas telefônicas, fotografias e filmagens. A ação conta com 580 agentes e visa cumprir 45 mandados de prisão e 48, de busca e apreensão, em bingos, residências e estabelecimentos comerciais. Com lanchas, agentes também fazem buscas na Baía de Guanabara atrás de corpos de possíveis vítimas de milícias. Entre os procurados, 30 são policiais civis, militares e delegados.

"O objetivo primário da operação é alcançar policiais que vazam informações a grupos de criminosos. Em 2009, uma operação tinha objetivo de prender um dos líderes da Rocinha. A operação vazou e o vazamento foi investigado. A partir de uma prisão, a PF conseguiu avançar na investigação o que gerou a Operação Guilhotina", explicou o superintendente da PF, Angelo Fernando Gioia, em entrevista coletiva na sede da PF nesta manhã.

Delegado envolvido

Em nota oficial, a prefeitura do Rio anunciou nesta manhã que vai exonerar o delegado Carlos Oliveira, que, há pouco mais de um mês, assumiu a subsecretaria de Operações da Secretaria Especial da Ordem Pública. Ele é um dos procurados na operação.

"Ele ja tinha saido da policia. A situação dele está posta e está muito ruim. O que mais interessou foi saber quem estava fazendo. Se vendeu um ou 10 fuzis, a gravidade é a mesma", disse Beltrame, que disse não saber especificar o que ele fazia. A delegada Márcia Becker chegou à sede da PF nesta manhã para prestar esclarecimentos.

Wla era titular da 22ª DP (Penha) durante as ações na Vila Cruzeiro e no Alemão, em novembro do ano passado, e já esteve à frente da Delegacia de Repressão a Armas e Entorpecentes (Drae) e da 17ª DP (São Cristóvão). No início da ação, agentes vasculharam armários das delegacias da Penha e de São Cristóvão. De acordo com a Secretaria, os agentes procuraram, sobretudo, materiais que podem reforçar as acusações contra os suspeitos.

O chefe de Polícia Civil do Rio, Alan Turnowski, foi chamado nesta manhã para prestar esclarecimentos sobre as investigações. De acordo com a Secretaria, a ação foi comandada pelo órgão e Turnowski pode ajudar nos trabalhos. Em entrevista, Beltrame reiterou a confiança em Alan Turnowski

Saiba mais

Investigações

Segundo a Secretaria, a ação teve início em 2009, quando agentes tentavam prender o traficante Roupinol, comparsa do traficante Nem, na Rocinha. Na ocasião, policiais do estado do Rio atuaram junto com agentes da Polícia Federal de Macaé, no Norte Fluminense, depois de um vazamento de informações.

Com três testemunhas e um farto material, o secretário de Segurança do Rio, José Mariano Beltrame, chegou a ir a Brasília pedir à chefia da Polícia Federal que fosse feita uma parceria entre as forças de segurança, já que a PF também havia participado da operação conjunta há quase 2 anos e seguia investigando o grupo.

Participam da ação desta sexta, além de policiais federais e agentes da Secretaria, a Corregedoria Geral Unificada e o Ministério Público Estadual.

Fonte: Globonline e G1.

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