sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Milícias: Operação Guilhotina, ex-titular da delegacia da Penha pode ser indiciada nesta sexta-feira


Ex-titular da delegacia da Penha pode ser indiciada nesta sexta-feira, diz PF.  Delegado Allan Dias afirma que vai instaurar inquérito nesta sexta (25). Márcia Becker teve delegacia vasculhada durante Operação Guilhotina.

delegada Márcia Becker (Foto: Reprodução / TV Globo) 
Delegada Márcia Becker foi conduzida à PF no dia 11 de fevereiro (Foto: Reprodução / TV Globo)
 
A ex-delegada titular da 22ª DP (Penha), Márcia Becker, poderá ser indiciada nesta sexta-feira (25), de acordo com o delegado da Polícia Fedral, Allan Dias, que está à frente das investigações da Operação Guilhotina. "Provavelmente ela será indiciada, estou terminando de analisar as provas", afirmou Dias, que ainda não definiu os crimes em que ela deve ser enquadrada. 

Segundo ele, um inquérito será instaurado nesta sexta e, em seguida, encaminhado ao Ministério Público do Rio. O delegado da PF informou que ela não será ouvida novamente, pois já prestou depoimento durante a operação.

A operação
 
No dia 11 de fevereiro, a PF iniciou no Rio megaoperação para prender policiais civis e militares e delegados de polícia suspeitos de ter ligação com traficantes, milícias e máfia dos caça-níqueis.

Na ocasião, Márcia Becker foi conduzida à sede da PF. Ela era titular da 22ª DP durante as ações na Vila Cruzeiro e no Alemão, em novembro do ano passado, e já esteve à frente da Delegacia de Repressão a Armas e Entorpecentes (Drae) e da 17ª DP (São Cristóvão). No início da ação, agentes vasculharam armários das delegacias da Penha e de São Cristóvão. De acordo com a Secretaria de Segurança, os agentes procuraram, sobretudo, materiais que poderiam reforçar as acusações contra os suspeitos.

Com os desdobramentos da ação, o ex-chefe da Polícia Civil do Rio, Allan Turnowski, acabou deixando o cargo e foi indiciado pela PF.

A Operação Guilhotina apreendeu farta quantidade de munição, um fuzil, três pistolas e uniformes de grupos especiais da polícia (Core e Bope); grande quantidade de dinheiro, bem como, diversos documentos demonstrando grande movimentação de numerário. Além disso, foi apreendida a contabilidade da milícia, onde consta o registro do pagamento das “taxa de segurança” e “taxa de venda de imóvel”.

TJ aceita denúnica de MP
 
Na semana passada, Tribunal de Justiça (TJ-RJ) confirmou, através de sua assessoria, que aceitou a denúncia do Ministério Público (MP) contra 43 investigados - a maioria policiais civis e militares - na Operação Guilhotina

Com o recebimento da denúncia pela Justiça, foi iniciado o processo penal contra os réus acusados dos crimes de formação de quadrilha, corrupção passiva e ativa, peculato e violação de sigilo funcional e outros delitos. A denúncia do MP foi feita ao Juízo da 32ª Vara Criminal da Comarca do Rio.

De acordo com a denúncia, os acusados atuavam em delegacias ou em posições estratégicas da Segurança Pública. Os policiais "formavam quatro grupos criminosos que atuavam independentemente utilizando-se das facilidades proporcionadas pelos cargos que exerciam".

Controle de áreas públicas
 
Em uma investigação, o MP diz que os denunciados atuavam em forma de milícia da Favela  Roquete Pinto, no bairro de Ramos, na Zona Norte. A quadrilha exercia o controle armado das ruas e áreas públicas da região, e era responsável pelo serviço de “gatonet”, pelo monopólio e o controle da distribuição de gás e água, pelo controle do transporte alternativo e pelo estacionamento na área do “Piscinão de Ramos”.

Os denunciados também cobrariam uma taxa pela venda de qualquer imóvel na região, além de cobrar uma taxa básica de cada morador a título de “segurança”.

Denúncia destaca  envolvimento de delegado
 
O delegado Carlos Oliveira, que foi braço direito de Turnowski, estaria inserido nesse grupo. Segundo o MP, Oliveira era "o responsável por facilitar as atividades ilícitas do grupo," por seu alto posto na hierarquia policial.

Um dos denunciados, informante da polícia e morador do Alemão, tinha a função de identificar locais de guarda de armas e drogas na comunidade. Ele teria sido o responsável, durante a invasão policial ao Alemão, pela indicação "de diversos locais onde foram apreendidas armas, drogas, bens e dinheiro, sendo certo que parte do 'espólio' foi desviado em proveito do grupo.'"


Em 2005, houve uma operação realizada no Morro do Urubu, onde foram desviadas armas. Segundo o MP, Carlos Oliveira teria ficado com uma a submetralhadora UZI.

Em 2008, em uma operação realizada no conjunto de favelas do São Carlos e Morro da Mineira, também foram desviadas armas e munições. O grupo teria revendido fuzis, enquanto que o restante do armamento ficou para o “fortalecimento da quadrilha”.

No final do ano de 2010, nas invasões da Vila Cruzeiro e do Alemão, os denunciados ofereceram os serviços de seus informantes, cobrando uma taxa de 30 % de tudo que fosse apreendido como “espólio de guerra”.

Segundo o MP, os denunciados se referiam à àrea como “serra pelada”, local onde, na gíria policial, poderiam “garimpar”.

Carolina Lauriano Do G1 RJ
Fonte: G1

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