sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Milícias em berço esplêndido



Violência no Rio.  Milícias em berço esplêndido, segundo críticas ao governador Cabral.


Enquanto as forças de ordem realizavam varredura no Complexo do Alemão, os paramilitares organizados em milícias tentaram, a bala, retomar o controle do Morro dos Dezoito.

Esse oportunismo miliciano saiu pela culatra, pois serviu para engrossar o coro dos descontentes com o governo de Sérgio Cabral, que querem repressão às milícias e consideram a repressão na Vila Cruzeiro e no Complexo do Alemão puro engodo e marketing político. Em outras palavras, aumentou a pressão voltada a cobrar imediata repressão às milícias.

Para esses críticos, as milícias avançam nas conquistas: das mais de mil favelas, as organizações Comando Vermelho (CV) e Amigos dos Amigos (ADA), detêm governo em 55%. As milícias controlariam 45%.

Mais ainda, os ataques espetaculares de facções de narcotraficantes, composta por membros do CV e do ADA, representaram represália à política de segurança. Segundo propalam esses descontentes, com as Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs), instaladas onde facções do CV detinham o controle social e territorial, houve fortalecimento dos paramilitares, que não são incomodados.

Como até o imóvel Cristo Redentor percebe, as tentativas de diminuir a importância das ações de contraste no Complexo do Alemão e na Vila Cruzeiro só favorecem o crime organizado.

Lógico, as milícias devem ser combatidas. Elas têm vínculos com a polícia. Muitos dos seus integrantes são policiais civis, militares, bombeiros e agentes penitenciários, do serviço ativo ou já aposentados.

As milícias foram formadas pela chamada “banda pobre” da polícia. Uma espécie de Autodefesas Unidas da Colômbia (AUC), criadas para combater as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARCs).

Hoje os paramilitares fluminenses atuam à semelhança dos temíveis e sanguinários Zetas mexicanos. As AUCs recuaram, muitos foram anistiados pela deposição de armas. Só que mais de uma dúzia dos principais chefes foram extraditados para os EUA por tráfico internacional de cocaína.

No começo, as milícias foram incentivadas por César Maia. No momento, as milícias governam territórios, escravizam moradores, cobram, como a Cosa Nostra siciliana, “taxa” de proteção (o pizzo da Cosa Nostra), traficam drogas, praticam a pirataria e exigem participação nos lucros dos comerciantes e dos prestadores de serviços. Nos territórios, as milícias exploram a “TV-gato”, fazendo instalações clandestinas em prejuízo dos canais fechados. Uma comissão financeira é cobrada em caso de locação e venda de barracos. Botijões de gás só podem ser adquiridos com a intermediação dos paramilitares.

PANO RÁPIDO. Com as UPPs, o Estado reconquistou 2,6% do território que estava sob domínio da criminalidade organizada. Nesta semana instalou-se a 13ª Unidade Pacificadora. O quartel-general da ADA está na Rocinha e não será tarefa fácil a futura instalação de uma UPP.

Quanto aos paramilitares, chegará a hora justa. O importante, no momento, é não semear o descrédito. Este poderá reverter, por parte da sociedade civil, a confiança recém-depositada nas forças de ordem.

Por Wálter Fanganiello Maierovitch


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