domingo, 21 de novembro de 2010

MILÍCIA EM VARGEM GRANDE E RECREIO


MILÍCIA EM VARGEM GRANDE E RECREIO

O Grupo Águia quer fazer ninho no recreio e Vargem Grande...

RIO, 01/10/2010 – A segurança tem preço nas ruas do Recreio dos Bandeirantes: R$ 1,67 por dia. Esse é o valor cobrado por um grupo autodenominado Equipe Águia de Apoio Patrimonial, que vem espalhando cartas com a proposta de “proteção” em casas e prédios do bairro. A chegada dos panfletos geralmente é precedida por ondas de arrombamentos, roubos e furtos de veículos, segundo moradores. A Polícia Civil investiga se o grupo tem ligação com a milícia que atua na Favela do Terreirão, no Recreio.

Moradores tem medo de sofrer retaliações

Na carta-proposta, o grupo informa que passará para recolher as respostas dos moradores no próximo dia 4. Em caso de adesão, o valor de R$ 50,10 será cobrado todo o dia 10 de cada mês. A reportagem fez contato com um integrante da Equipe Águia de Apoio Patrimonial por meio de um dos telefones que estão no panfleto. Na conversa gravada, um homem identificado como Vinícius disse que o grupo atua há um ano na Rua Nehemias Gueiros, próximo à Favela do Terreirão, e que há dez anos “toma conta das ruas de Vila Valqueire“.

Segundo Vinícius, os “seguranças” do grupo usam coletes, e permanecem 24 horas nas ruas “protegidas”. Perguntado sobre a legalidade do serviço e se é fornecida nota fiscal aos moradores que pagam a taxa, ele disse que pode “arranjar a nota”:

- Se todo o condomínio fechar fica melhor. Podemos marcar pessoalmente para conversar e ver o que é melhor para você – disse.

Vinícius é articulado, usa poucas girias ao vender o serviço de “proteção” e ressalta que está “apenas trabalhando” quando questionado sobre possíveis problemas com a polícia.

Além de Vinícius, a proposta trás os nomes e números de telefones e radiotransmissores de outros dois integrantes da Equipe Águia identificados como Júlio César e Jorge Marques.

Moradores da Avenida Genaro de Carvalho e das ruas Vicente Leporace e Venâncio Veloso, onde foram distribuídas nos últimos dias as cartas, temem sofrer retaliações do grupo.

- Nos últimos dois meses, os arrombamentos, furtos e roubos de carros na região se tornaram rotina. É difícil acreditar que não haja relação entre esses casos e a distribuição das propostas – disse um dos moradores.

Há dez anos vivendo no Recreio dos Bandeirantes, o empresário X., de 48 anos, já teve o carro arrombado na porta de casa. Segundo ele, moradores da região estão assustados com a insegurança no bairro:

- Pago meus impostos para ter direito à segurança da polícia e, agora, um grupo distribui no edifício propostas aos moradores para vender um serviço ilegal. Isso é um absurdo – desabafa.

Milícia cobra ágio em gás vendido no asfalto

O temor de que integrantes do grupo passem a retaliar os moradores que não aceitarem aderir à proposta levou o morador Y., de 54 anos, a instalar um moderno sistema de segurança em sua casa.

No último domingo, O GLOBO mostrou que milicianos da Favela do Terreirão estenderam a cobrança de ágio na venda de gás às ruas do Recreio. Com isso, o valor do botijão de 13 litros na região gira em torno de R$ 45. A sobretaxa de até R$ 8 equivale a 21,6% do valor médio do botijão

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