terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

MILICIAS: MAIS MORTES, A GUERRA CONTINUA



Execuções na Zona Oeste

Dois investigados por envolvimento com milícias são mortos a tiros

Taquara e Cosmos




Rio , 17/02/2009 - Acusado de envolvimento com a milícia de um conjunto habitacional próximo à Cidade de Deus e filho de um bombeiro, Syllas Belquior da Silva, de 29 anos, foi executado, ontem à tarde, com quatro tiros na esquina da Rua Marechal José Beliváqua com Avenida Nelson Cardoso, uma das mais movimentadas da Taquara, em Jacarepaguá. Na noite de sábado, outro suspeito de integrar um grupo paramilitar foi executado em Cosmos, na Zona Oeste.

Por volta das 14h40, segundo testemunhas, o carro de Syllas, um Xsara Picasso, teria sido fechado por picape Mitsubishi vermelha, com três homens. Um deles teria descido e atirado. Atingido na cabeça e peito, a vítima morreu na hora.

Um disparo feriu Marcos Vinícius Martins Lopes, 30, alvejado no peito. Socorrido para o Hospital Lourenço Jorge, na Barra da Tijuca, ele foi operado e não corre risco de vida.

Uma pessoa ainda não identificada conseguiu escapar do ataque com o filho de dois anos de Syllas. Amigos e parentes, que pediram para não ser identificados, afirmaram que a morte estaria relacionada à disputa pelo controle de distribuição de TV a cabo clandestina e atribuíram o crime a um policial civil, lotado em uma delegacia especializada. Peritos do Instituto de Criminalística Carlos Éboli recolheram 11 cápsulas e dois projéteis de pistola 9 milímetros no local.

GUARDIÃO DE PISCINA

“Algumas pessoas falaram que os criminosos estavam em uma picape e outras em uma moto. Vamos ouvir o sobrevivente que está no hospital e o pai da vítima”, afirmou a delegada Carla Tavares, da 32ª DP (Taquara). Ontem, o pai de Syllas, que se identificou como Salim e é subtenente do Corpo de Bombeiros, estava transtornado e não quis dar declarações. Segundo parentes, Syllas era guardião de piscina e tinha uma loja em Jacarepaguá.

Syllas respondia a dois inquéritos. Um pelo assassinato de Luiz Fernando Leodoro de Freitas, em 7 de janeiro do ano passado, em que foi identificado pela 41ª (Tanque) como o autor do crime, na esquina das ruas Samuel das Neves com Retiro dos Artistas, em Jacarepaguá. Ele também era acusado de formação de quadrilha ou bando pela Delegacia de Homicídios. No mesmo inquérito foi indiciado ainda Marcus Vinícius, ferido no ataque de ontem. Em abril de 2007, Syllas foi baleado nas pernas em tentativa de homicídio na Cidade de Deus. Na ocasião, dois PMs reformados foram atingidos: Alfredo dos Santos Júnior, ficou ferido, e Sandro Luiz Pessoa, morreu.

Disputa de vans seria motivo do assassinato

Em Cosmos, o alvo foi Paulo César Rosa Cintra, quando dirigia um Honda Civic pela Rua Cintra, às 21h30 de sábado. Segundo testemunhas, a vítima foi abordada por ocupantes de outro veículo, que fizeram todos os disparos pelo lado do motorista. O carro ficou com pelo menos 13 perfurações a bala. Há informações de que o crime possa ter ligação com a disputa pelo controle do transporte alternativo na região.

Ao ser atingido, Paulo bateu numa mureta, mas ainda tentou reagir. Ele ainda se inclinou para o banco do carona e pegou uma escopeta calibre 12. É provável que tenha feito pelo menos um disparo, já que havia uma perfuração na lataria do lado direito do veículo, feita de dentro para fora. Logo depois, ele morreu no local.

“O delegado de plantão esteve no local, mas há poucos relatos. As pessoas têm medo de falar sobre esses crimes. Não posso afirmar que seja milícia, mas não descarto nenhuma possibilidade”, disse o titular da 35ª DP (Campo Grande), Ronald Hurst. De acordo com policiais do Regimento de Polícia Montada (RPMont), há informações de que a vítima teria ligação com o grupo paramilitar comandado pelo ex-PM Ricardo Teixeira Cruz, o Batman, foragido do presídio de Bangu 8. Ainda segundo os relatos, Paulo seria responsável por segurança de rua em Cosmos.


Adriana Cruz e Vania Cunha

Fonte: O Dia



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