quarta-feira, 6 de junho de 2007

POLÍTICA DE SEGURANÇA BURRA, É ASSASSINA III


POLICIAL FEDERAL É MORTO EM TIROTEIO NA ROCINHA




Uma operação do Núcleo de Capturas da Polícia Federal do Rio ontem à tarde, na Favela da Rocinha, terminou em tiroteio com traficantes e a morte do agente federal Marcelo Castelhano Cardoso, de 31 anos. O policial foi baleado no peito e morreu ao dar entrada no Hospital Miguel Couto. O superintendente da PF, Delci Teixeira, informou que os policiais federais foram à favela para realizar levantamento de endereços de procurados, para futuras operações.

Um morador, o mototaxista Josué Vicente Ferreira, de 45 anos, ficou ferido depois de ser atingido por uma bala perdida na mão direita.

A troca de tiros deixou moradores da favela em pânico e provocou o fechamento do Túnel Zuzu Angel. Motoristas que seguiam em direção à Gávea chegaram a sair dos carros e alguns tentaram dar marcha a ré. O tenente-coronel Décio Lima do Bonfim, que está respondendo pelo comando do 23oBPM (Leblon), disse que o túnel foi fechado preventivamente por apenas cinco minutos, mas reconheceu que os motoristas ficaram assustados com o tiroteio.

À noite, outro tiroteio na Rocinha voltou a provocar o fechamento do Zuzu Angel. A AutoEstrada Lagoa-Barra foi bloqueada, na altura da Gávea, por cinco minutos, para evitar que motoristas fossem vítimas de balas perdidas. Na favela, policiais federais, civis e militares fizeram uma operação e prenderam um homem acusado de ter matado o agente. Marco Antônio Mendes de Araújo, de 20 anos, foi preso dentro de uma van. Segundo a polícia, estavam com ele a arma e o rádio do policial morto. Na delegacia, Marco confessou ter atirado em Marcelo Cardoso. Um líder comunitário teria delatado o acusado para evitar que a polícia ocupasse a favela. O subsecretáriogeral de Segurança, Márcio Derenne, disse que a prisão foi resultado de um trabalho de inteligência das polícias.

O primeiro confronto de policiais federais com traficantes aconteceu por volta de 13h30m, na Via Ápia — a principal da Favela da Rocinha. Os agentes, lotados na Central de Convites e Intimações do Núcleo de Capturas, estavam em dois carros. O tiroteio teria ocorrido no momento em que eles desembarcaram dos carros, todos descaracterizados.

— Foi muito tiro. Uns cinco minutos ou mais. Havia muita gente na rua na hora. Houve correria e pânico. Por sorte, mais ninguém ficou ferido — disse um morador, preferindo não ser identificado.

Logo que começou o primeiro tiroteio, PMs foram à favela apoiar os federais, assim como policiais civis da 15aDP (Gávea) e da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core).

No fim da tarde, o delegado Alfredo Dutra, da Delegacia de Repressão a Crimes Financeiros (Delefin) da PF do Rio, e um grupo de policiais federais estiveram na delegacia da Gávea.

— Viemos pedir apenas agilidade na liberação do corpo do agente — disse Alfredo.

Policiais civis e militares disseram que a ação da PF foi impr udente.

— Eles deveriam subir com reforço e carros caracterizados ou nos pedir apoio — disse um PM.

Fonte: O Globo, 6/6/2007.pg. 23

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