domingo, 27 de maio de 2007

VINGANÇA ENTRE CRIMINOSOS


LOBO COMENDO LOBO



Vingança contra comparsas aliados à milícia


Rio - A invasão da Favela Kelson’s, na Penha, na manhã de domingo, quando nove pessoas foram mortas, foi planejada e executada por traficantes do Comando Vermelho (CV) que haviam sido expulsos da comunidade em novembro pela milícia. Eles tinham como objetivo seqüestrar e executar três moradores: Sidinei Moreira de Azevedo, o pedreiro Noelson Ribeiro de Azevedo e Adão Mário Rodrigues Neto, que ‘traíram’ o CV e se aliaram aos milicianos, depois que seus comparsas fugiram da favela. A afirmação é do delegado Alcides Iantorno, titular da 22ª DP (Penha), que investiga o caso.

“Eles morreram porque traíram o CV. Foram retirados de suas casas, executados dentro da favela, à vista dos moradores. Os invasores não pretendiam retomar os pontos de venda de drogas que perderam, mas, sim, vingar seus ex-comparsas”, disse Iantorno. Na Favela Roquete Pinto e Piscinão de Ramos, ex-traficantes antes ligados à facção criminosa Amigos dos Amigos (ADA) também passaram para o lado dos milicianos.

Segundo o delegado, os traficantes sabiam onde moravam Noelson, Adão e Sidinei. O policial declarou ainda que, a princípio, pensou-se que o pedreiro havia sido executado apenas por ter erguido um muro na favela por ordem dos milicianos. “Quando mandei levantar a ficha criminal, descobrimos que tinha cinco passagens pela polícia e estava sendo processado pela Justiça. Noelson é autor de dois furtos, um assalto, um assalto com morte (latrocínio) e tráfico de drogas”, afirmou. O outro executado pelos traficantes, Adão, tinha passagem por uso de drogas. Quanto ao terceiro morto, Sidinei, a polícia recebeu informações de que, além de trair o CV — passando para o lado da milícia —, traiu também um ex-comparsa e ficou com sua mulher, quando o traficante foi expulso da favela pela milícia. Ele levou dezenas de tiros na região genital.

Também foi morto o cabo da PM Luiz Claudio de Souza Vargas, do 16º BPM (Olaria), que estava de licença médica para tratamento de saúde. Ele foi achado no porta-malas da caminhonete Chevrolet AD20, a poucos metros da favela. Os outros cinco bandidos foram mortos em confronto com soldados do 16º BPM, quando fugiam, em direção à Av. Brasil.

Sindicância vai investigar suspeitos

O tenente-coronel José Luiz Nepomuceno, comandante do 16º BPM (Olaria), disse que determinou a abertura de uma sindicância para apurar o possível envolvimento de praças de seu batalhão com milícias que atuam na Favela Kelson’s, na Penha, e na Cidade Alta, em Cordovil. A unidade ocupou ontem a comunidade da Penha com 25 homens.

A PM negou que não fosse custear o enterro do cabo Luiz Claudio de Souza Vargas. “Até agora não existe nada contra ele e não há porque o corporação não pagar os funerais”, afirmou o tenente-coronel Rogério Seabra, Chefe de Relações-Públicas. O policial, no entanto, foi enterrado na tarde de ontem, no Cemitério de Olinda, sem honras militares

Um outro policial militar acusado de envolvimento com as milícias, o cabo Jorge Henrique Alves, do 16º BPM, foi intimado para se apresentar hoje na 22ª DP e prestar depoimento ao delegado Alcides Iantorno.

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