domingo, 27 de maio de 2007

DISSEMINAÇÃO DO MAL E OMISSÃO SOCIAL


NÚMERO DE MILÍCIAS EM FAVELAS DO RJ DOBRA EM 20 MESES



O número de favelas controladas por milícias - grupos paramilitares formados por seguranças, policiais, bombeiros, agentes penitenciários e lideranças comunitárias que expulsam traficantes de favelas - mais do que dobrou, passando de 42 para 92, em 20 meses, segundo relatório da Subsecretaria de Inteligência da Secretaria de Segurança.

O confronto entre traficantes e as milícias são um dos motivos alegados por alguns especialistas para a onda de violência ocorrida hoje no Rio, mas há divergências. O secretário de Administração Penitenciária, Astério Pereira dos Santos, afirmou que vem alertando há dois meses sobre o processo de união das facções criminosas contra o avanço das milícias. O secretário de Segurança Pública do Rio, delegado federal Roberto Precioso Jr., discorda e atribui os ataques a uma suposta insatisfação dos presidiários com a troca de governo.

Há mais de 30 anos, em áreas pobres da zona oeste do Rio, a "polícia mineira" mantém os traficantes longe, "garimpando" os criminosos - daí o apelido. No entanto, a expansão dessas milícias, como são classificadas agora pelos setores de inteligência policial, é fenômeno recente, que começou no final da década de 90.

Segundo a socióloga Julita Lemgruber, diretora do Centro de Estudos de Segurança e Cidadania da Universidade Cândido Mendes, há diferenças importantes entre os grupos que atuam há décadas na zona oeste e os que estão surgindo agora. Os de antigamente eram formados por policiais, aposentados ou da ativa, moradores da própria comunidade, que se uniam contra os bandidos. Agora, esses grupos se organizam do lado de fora da favela e invadem a área, destituindo os traficantes do poder.

Atividades paralelas ao tráfico - que fica terminantemente proibido pelas milícias - são assumidas pelos paramilitares. Esse poder paralelo inclui o controle do transporte alternativo (vans e moto-táxis), a distribuição ilegal de pontos de TV a cabo e, em alguns casos, a cobrança de taxas de moradores e pequenos comerciantes.

Fontes da Secretaria de Administração Penitenciária informaram que o setor de inteligência do sistema prisional já havia detectado a insatisfação dos chefes das facções, especialmente do Comando Vermelho, com os prejuízos provocados pelo avanço das milícias que atuam principalmente na zona oeste, em favelas de Jacarepaguá, Jabour e Senador Camará. Nessas localidades, o prejuízo das quadrilhas teria sido muito grande com a expulsão das quadrilhas das favelas.



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